sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
bela adormecida
confuso
para fuso
pro fuso
con fusão
con fissão:
explosão de vulcão adormecido
feito bela que espeta seu dedo no fuso
e voltamos ao início da história
- sem noção!
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Acorda, Alice!
- ah! grande novidade!
- esquece... vou tentar de novo: me sinto uma idiota!
- assim ficou bem melhor!
Insisto em falar dos meus problemas, das minhas angustias, dúvidas, aflições. E elas não interessam a ninguém ou tão pouco que já me convenço que são estúpidas. Estupidezas que nem boa poesia dará. Se é que dará em algo ou alguma coisa ou para alguém.
Falo. E continuo falando porque assim desenvolvo teorias absurdas e soluções milagrosas. Penso num gravador, às vezes rezo, mas o que posso contar ao Criador que Ele já não saiba? Deus ri em meus pensamentos das minhas estupidezas. Os outros não ouvem e se ouvem calam já sem escutar ou escutam com o silêncio de um tédio polido ou uma polidez entendiada. Com muitos fico envergonhada e me calo, constrangida, mas sei, por necessidade, que voltarei a insistir na atenção e ajuda. Talvez numa dessas me abra um clarão, ou ainda um anjo me diga de forma mais clara: você está sendo uma idiota! Então, talvez, eu me convença disso definitivamente. Mas, enquanto nenhum nem outro acontece, sigo tentando.
Tempos atrás pensei seriamente num terapeuta e ultimamente tenho, por livre escolha, corrido o risco de atravessar o espelho de Alice. Nos dias em que me arrisco, às vezes encontro o coelho apressado a me cobrar as horas, em outras um chapeleiro maluco me encanta...mas ainda não vi a face da rainha de copas...
Caminho no escuro - com medo e curiosidade.
o fio da minha vida
o fio do meu bigode.
Não tenho, mas nem por isso deixo de lutar por ele.
Pode não ser grande coisa - um fio!
Mas a dignidade já não é algo para o qual vale a pena lutar?
E ostento orgulhosa meu bigode inexistente e quase inútil!
Eu, a espera dos louros ou das vaias.
Eu, apreensiva, neurotizada.
Por que? Não sei.
Por que razão importante e que mude toda a face do mundo?
Não sei.
Eu, que me isentei do processo de escolha [alguém me explique por que?]
Eu, que me inclui num universo jamais querido ou sonhado, mesmo ansiado! [idem a pergunta anterior]
Eu, só tentando manter o que me resta: a palavra dada.
Meu fio de bigode [quase ridículo] que não possuo mas que exibo, orgulhosa!
terça-feira, 25 de novembro de 2008
morrer de mar
Mas o perigo existe todo o tempo!
E eu sei que posso prudentemente desistir do mergulho
ou me afogar e, poeticamente, morrer.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
o dono da área
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
qualquer nota
- Porque é o sonho dele!
[Desistir do sonho é desistir de si]
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
siga
domingo, 5 de outubro de 2008
reclames
terça-feira, 26 de agosto de 2008
magma
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
querer, desejar e sonhar
pensei durante meses sem definição. A pergunta veio de novo por msn. Decidi então enfrentar - vamos lá:
quero amar e me sentir amada, quero ser livre e poder falar o que sinto e ser ouvida, não obrigatoriamente obedecida,
e quero rir muito na vida, chorar um pouco mas apenas na medida da poesia
quero trabalhar e sentir que faço um bom trabalho e ser respeitada por isso, quero ter amigos, muitos!
e verdadeiros mesmo que poucos!
sonho viajar e conhecer outras formas de viver,
e gentes, para eu me lembrar sempre que eu não possuo certezas nenhuma e que tudo pode ser ao contrário do que eu penso.
quero ver por de sol - vários, andar na areia da praia, cheirar maresia, abraçar meus amigos com carinho e afeto, e me emocionar com isso.
quero saber escrever! e viver disso se for possível e se for boa o bastante.
quero sempre ter paciência para ouvir as historias dos outros. ouvir e ouvir para aprender mais.
e se for cuidadosa poder recontá-las, para que outros aprendam com as experiências.
quero aprender coisa nova sempre.
estudar ate ficar velhinha.
quero morrer tarde.
e dormindo
não quero nada trágico, nem drástico.
quero aprender a ser equilibrada, mas não quero perder a loucura.
porque dependo dela para que os sonhos aconteçam, acho.
quero crescer espiritualmente, mas não quero ter a insanidade de me achar santa, ou pura, e nem quero ser.
quero poder ser devassa quando achar necessário...
quero crescer para sempre... todo dia, todo segundo, a cada encontro.
quero acreditar num Deus, nos anjos e na humanidade.
desejo parecer bonita aos olhos dos meus amores, sempre.
e boa também, de bem, boa gente, ter bom coração.
quero manter a persistência no que acho que vale a pena, e nunca desistir facilmente das metas, objetivos e pessoas.
Quero ser corajosa. Não quero ter medo.
Um dia pedi aos anjos que me ensinassem virtudes, eles enviaram situações que me ensinaram muito sobre elas.
Depois pedi compaixão, porque vi que não possuía e não havia como aprender a ter compaixão.
Então me enviaram uma missão com a qual aprendi e apreendi um pouco de compaixão.
Depois pedi para aprender um pouco mais sobre o Amor. De novo fui atendida e já iniciei meu aprendizado.
Mas a Coragem - lição inicial não aprendida na sua forma mais sutil, ainda me falta...
segunda-feira, 21 de julho de 2008
carruagem de abóbora
Invento-os com delicadeza, inteligência e candura.
Moldo-os com detalhes, pequenos toques e muita paciência.
Descubro-os com atenção, doçura e coragem.
Planejo-os prevendo alegria, revolução e cumplicidade.
A partir dessa invenção viajo na história desses amores,
Vivo-os intensamente,
Amo-os infinitamente,
Rio e choro meus amores.
Depois num dia qualquer, por motivo qualquer,
Um orvalho que caiu mais cedo ou um grito fora de hora e lugar,
E freqüente, faz o pano se abrir, desnudando a história.
E os amores nus das minhas construções, invenções e moldes,
Descobertos se apresentam.
Amo-os ainda, mas sem inventos, artefatos ou lentes.
Amo-os como são: bobos, toscos ou irados;
Infantis, adolescentes ou mimados;
Herméticos, autoritários ou subservientes.
Amo-os como são ou se apresentam.
Mas agora meus olhos, através das minhas lentes limpas do borralho,
E passadas as horas mágicas, vêem sob a realidade construída
Tal qual a carruagem de abóbora
e seus cavalinhos de camundongos; mas
Ainda restará o sapatinho de cristal, guardado
A chave no mais delicado castelo,
Ainda restará nas mãos do mais amante de todos os príncipes,
Que ainda estará à procura da princesa, na mais incessante busca.
Esta princesa que não sendo mesmo princesa mas que ainda acredita em conto de fadas,
E torce sempre por um final feliz, e nem pede que seja para todo o sempre.
O sapatinho de cristal - todo meu sonho e amor
em mim guardado nos vários cômodos do meu coração,
Repousa, aguarda e ama, infinitamente.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
neste momento
Nada mais que isso, nada além disso.
Um sorriso, um afeto, um toque delicado,
Um beijo na face que não me marque nem me identifique como algo de alguém,
Um abraço que não me esmague nem me sufoque,
Um olhar compreensivo, um ouvido atento e amoroso,
mas que não me julgue nem me analise, nem tente me compreender,
nem me leia, ou releia, que não se assuste nem se surpreenda,
nem se decepcione ou se admire pela minha covardia ou coragem,
ousadia ou infâmia, mas
que me olhe e me ouça como Deus faria, com absoluta compaixão,
humanidade, doçura de quem sabe também ser incompleto, imperfeito e livre.
Eu quero a delicada liberdade de amar e ser amada,
de ser como sou, do jeito que quiser ou puder ser,
ou do jeito que sonho ser, ou tento ser, ou penso que sou ou serei.
Eu quero apenas ser eu sem julgamento, dor ou sofrimento.
Eu sou o amor.
Eu sou a vida.
> Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
[em Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector]
domingo, 6 de julho de 2008
obsceno
meretriz safada cachorra devassa
nomes de mulheres marcados
à ferro e fogo na pele,
nos seios, no ventre e na boca
entreaberta a espera de redenção e afeto
ou que seja apenas um beijo
brutal ou delicado,
de selo ou língua
e que tenha desejo
ou admiração
tesão ou respeito
mas que seja, pelo menos,
um beijo.
terça-feira, 24 de junho de 2008
a lenda do amor pra dois
reconstrução
sexta-feira, 23 de maio de 2008
tem dias
tem dias que são assim: quase tudo.
tem dias que acordo assustada.
tem dias que não durmo.
tem dias que surto, falo, extrapolo.
tem outros que nem sinto, não vejo.
tem tantos que me molho, me afogo.
e bem poucos me enchem de desejo.
tem dias de sol e de lua.
tem outros de silêncio noturno,
que atravesso como se estivesse nua,
me acompanham os anéis de Saturno.
e se paro agora para lembrar de meus dias
é porque já se prepara a vasta hora,
em que meus sonhos seguirão sem medo
para íntimas viagens nesta noite a fora.
sábado, 26 de abril de 2008
silêncio
Um certo dia, a mulher sentiu que algo lhe subia pela garganta. Alguma coisa de intenso, constrangedor e de uma quase-verdade escatológica. Abriu a boca, parecia que ia vomitar. Mas nada saiu. Ainda ficou à espera por algum tempo. À espera de marimbondos - ou caracteres de palavrões como aparecem nos quadrinhos, mas nada disso aconteceu. Nada. Apenas o silêncio, revelador como nunca dantes ouvido. Acompanhado de lágrimas que brotaram sobre o silêncio... sob algum olhar.
sábado, 19 de abril de 2008
pérolas 2
> à Gina Pinto e Dani
terça-feira, 8 de abril de 2008
visão

Ah! Se os surdos olhos dos tolos que me olham embevecidos pudessem ver com lentes de raio X as asas que trago apertados no tórax, espremidas contra o esterno e as costelas, que doem o peito, que pulam pela traquéia como um alien desconhecido, porém meu... Só o tremor lento das minhas mãos delatam essa presença.
-Trago guardadas em meu peito as asas do meu destino...
[foto: Asas do Desejo, filme de Win Wenders]
segunda-feira, 7 de abril de 2008
pérolas
real possível
Quero o grito
O suspiro
O soluço
O silêncio
Profundo
O medo
O abismo
O escuro
O poço
Sem fundo
Quero o que é meu
Não sonho o impossível, o improvável.
Quero o certo, o presente.
O único real que não me abandona.
terça-feira, 1 de abril de 2008
choros
domingo, 30 de março de 2008
mortos
Com os poucos vivos aprendo a arte de me fingir de viva. Aprendo a mistificação, a sobrevivência entre sorrisos e lágrimas, entre o desespero e a esperança. Aprendo o equilíbrio sobre a corda que leva ao abismo e ao outro lado, também desconhecido.
Com eles, os vivos, aprendo a esperar, a viver através da indignação, da explosão, me rasgando para sobreviver, me mutando e chorando copiosamente pelos mortos, que também são meus.
quinta-feira, 20 de março de 2008
são
???
Mas pra que entender o inexplicável,
Penetrar o impenetrável?
Esfinge, quem é você?
Sou o labirinto. E você?
Não sei. Mas durmo com o Minotauro.
Conheces Teseu?
Ainda não, mas tenho esperanças: já achei seu cordão...
Encontrando-o, peça um autografo.
Do herói?
Do caminho.
verso
quarta-feira, 12 de março de 2008
esfinge
Eu desconstruo o Minotauro.
A cada movimento da charada,
eu desmistifico a Esfinge.
Um dia não estarei nessas paredes sem fim.
Um dia não aguardarei respostas
Nem ficarei mais na expectativa de ser devorada.
Por hora, ando à procura do fio de Teseu.
terça-feira, 11 de março de 2008
quase nada
e pode ser "quase nada",
como deitar num ombro amigo
e se sentir abraçada.
segunda-feira, 3 de março de 2008
o presente
o verso mais simples, o mais singular,
o mais puro, o mais eterno,
o verso da mais pura inspiração.
Para você eu gostaria de propor
o presente mais suave, mais terno,
mais amável que o próprio Amor,
mais delicado que a Paz,
mais fecundo que a Fé.
Um presente de Poesia e Criação.
E dá-lo de mãos limpas.
De alma lavada e pés descalços.
Sorriso na boca e no coração.
Tentei achar seu presente ou,
pelo menos, me fazer próspera nesta busca.
Tentei.
Mas, não possuo a Singularidade prometida.
Não tenho a Simplicidade desejada.
Não sou e não serei eterna.
E a Inspiração não me assola todos os dias.
Não cultivo a Suavidade, nem provisória.
A Ternura e o Amor me observam
e esperam o momento da aproximação.
A Fé me falta como água a um sedento
num deserto com oásis por todos os lados.
E da Poesia e da Criação,
me sobra a vontade de compartilhar.
Mas, minhas mãos estão limpas, isto eu prometo.
Minha alma lava-se constante e diariamente.
Meus pés não alcançam o chão,
E meu amarelo sorriso se estampa
quotidianamente em meu rosto social.
Às vezes sai às gargalhadas,
em sôfrega busca do Humor perdido na infância.
E meu coração, estupefato,
aguarda notícias, consola, redime
e cuida, como deixo, de meus amores.
Assim, fico devendo o presente verdadeiro,
o entendimento necessário,
o envolvimento preciso.
Tenho apenas este Amor, conciso.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
merda!
Mas meu dente, mesmo problemático, continua no lugar.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
ridícula
relatório
o dia
Madrugada longa e preguiçosa, talvez insone ou algo poética.
Espero, sem ansiedade mas com esperança, o dia, que trará o Sol
E a sutil possibilidade de um sorriso, um carinho, uma ternura?
E quem sabe o que mais?
Ou como será o dia?
E assim de sol a sol,
vivo dia a dia, hora a hora
E morro a cada segundo.
insuficiente
Perdi-me.
Já nem sei o que quero ser.
Perdi o rumo.
Já nem sei pra onde vou.
Perdi o caminho.
Já nem sei o que fazer.
Perdi o jeito.
Já nem sei o que desejo.
Perdi a vontade.
Já nem sei, só sei dessa lágrima
Que não cessa.
Dessa inexperiência e conflito,
desse querer o impróprio, o inatingível,
o inverossímil, o impossível, o inacessível,
de não ser o que sonho, o que gostaria de ser,
aquela que, ainda que transborde o maior amor do mundo,
não poderei ser.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
bares vagabundos e outros lugares
- “e o Mosquinha, heim? Tsc... Nunca mais...nunca mais...”
Nota 1: Ah! O nome verdadeiro do Mosquinha! Pizzaria Guanabara, acreditem.
Nota 2: Parecido, mas não igual ao Mosquinha só encontrei em Manaus, no bar do Armando, na praça do Teatro Municipal de Manaus. Não tinha o mesmo apelo sentimental, nem o mesmo público – este sim, tinha um público intelectual de esquerda, ou não. De toda forma, me tocou e fiquei de fotografar o local, mas desisti da idéia porque poderia causar algum desconforto à freguesia, e, no mais, preferi guardar na memória. Quem sabe algum dia?...
Nota 3: O Mosquinha não era, como cita o texto de referência, para "meio intelectual meio de esquerda", era lugar para guerrilheiro mesmo!
Nota 4: Tudo isso é muito o Jaguar. Sempre Pasquim!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
real diário
[a frase está tão impregnada na minha cabeça que já nem sei se li em algum lugar ou eu mesma disse, escrevi, pensei... - perda total da noção de realidade...]
domingo, 13 de janeiro de 2008
herança
Talvez nem mais exista.
Pode ter milhões de anos -
Luz que viaja a vida inteira,
Só seu brilho se perpetua...
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
hoje
Hoje, só o suspiro, a dor compartilhada,
A ausência e a falta, o lugar vago, o espaço não ocupado.
Hoje não tem música, não tem palavra, não tem ruído
nem assobio que ouse romper o silêncio.
Hoje só a vida paira, do início ao fim,
Magnânima, transcendente, inesperada.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
conselho
Melhor e mais sábio é desviar o olhar,
Amortecer o desejo, engessar a imaginação.
Prudente e seguro é comportar-se,
Envelhecer.