terça-feira, 24 de março de 2020

Corona

Sobre o isolamento pelo novo Corona, Platão diria:

Fique na caverna por agora,
mas não olhe para as sombras,
olhe para a luz!
E qdo passar o risco,
Saia!

sábado, 1 de dezembro de 2018


Existe uma solidao no mundo. Que nao acaba. Nenhuma tecnologia, nenhuma ciencia, nenhum nada acalma.
Da minha tristeza sei eu.. E só é minha. Ninguem tem culpa. So eu a cultivo. Consequencia desastrosa do meu ego. Tao querente de aprovaçao. Tao carente de aceitaçao. Aflito de admiraçao. Tao ridiculo... É, sou ridicula. E os anos só aprofundaram o ridiculo. Melhor seria usar um nariz de palhaço... Mas os palhaços nao se levam a serio. So os ridiculos se levam a serio.
A quem pedirei desculpas por me expor tanto? A quem pedirei perdão pela mediocridade de minhas idéias emprestadas? A quem pedirei paciencia pela ansiedade com que exponho minhas simplórias descobertas?
A quem direi "foi mal" pela alegria da curiosidade que sai feito correnteza levantando raizes,  derrubando troncos e barrancos?! Vaidade. Nada mais que vaidade?! A quem direi nao sei se é pode ser me ajuda a gastar isso ou me calar ouvir a descoberta do mundo que me acontece e me toma todo dia... A quem pedirei misericórdia pelas asneiras, pelas inconsistências, pela ousadia de pensar que penso?...
Com quem dividirei a angustia de tentar entender esse mundo e talvez todos os outros que ainda nao sei...
Quando menina deitava a céu aberto a olhar estrelas... Sem entender como podia ser estar numa nave a tantos quilometros por hora em torno de uma imensa mas nem tanto bola de fogo no meio de uma galáxia entre tantas outras... Universo. E minha cabeça doía de nao conseguir imaginar tamanho tamanho. Dormia sem desistir. As vezes sonhava que estava fora dele, deste universo. E no que deveria ser o Nada, havia... O que havia? Não lembro... Ate hoje me esforço para lembrar... Em vão.
Mas sei que dessas doidices sou feita. De pensar estrelas, de pesar poemas e nao medir consequencias...
E todas as vezes que meu ego reclama, penso estrelas...
(Lux. 1.12.2018)

sexta-feira, 2 de março de 2018

A vida chama, mas hoje sou outra.
Amanha, talvez.
Tenho ficado cansada de quase tudo.
Tudo onde o ego canta de galo.
Nem galo é.
                  Anti-isso.
Às vezes o vejo no espelho.
Não me dá conforto.
                 Anti-isso.
Me canso.
                Preguiça.
Como aquela que dá
                      quando se quer ver longe
                               e a face do espelho não deixa.
Só repete.
              Monótono.
Multiplicantemente chato.
Mais do mesmo.
Então será preciso olhar atrás
        do espelho
               - que hoje nem mais de cristal é
                                        porque sao feitos de plastico acredita? -
e buscar espantos. 
                        Catar surpresas.
De repente, uma aranhinha de teia fina.
Uma traça.
               Um fungo.
Uma etiqueta suja.
Um numero de telefone.
Uma foto 3x4.
Um cartao de farmácia.
Talvez eles possam dar em poesia...
E me esperanço toda.
                    De novo.
Por hoje basta.
Nao mais guardo ilusões nem esperanço utopias. O que tenho é uma teimosia em querer uma vida mais poética...

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

para Yolanda

Eu fiz um poema para Yolanda
mas depois me esqueci.
Eu tive um sonho com Yolanda
mas nele me perdi.

Eu tive ideia sobre o que Yolanda
me disse naquele dia
numa esquina logo ali,
mas tudo virou assombro,
espanto, nem compreendi.

Eu tinha historias para contar
mas o que sao as minhas historias
perto da vida que conta-gotas
no olhar de Yolanda?

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

eu hoje de novo todo dia até manhã

Todo dia, por um tempo, desisto. Todo dia, reinvento, repito. Todo dia, resisto, me canso. Todo dia, teimosa, insisto. Todo dia, exausta, me espanto. Todo dia, repleta, avanço. Todo dia, triste, me findo. Todo dia, criança, me sinto. Todo dia, espero, decepciono. Todo dia, esqueço, me assombro. Todo dia, utópica, divago. Todo dia, no real me ralo. Todo dia, laço, lanço. Dia a dia, arco e seta, dobro, gemo e cravo fora do alvo e salvo o sonho até o próximo todo dia...

sábado, 27 de maio de 2017

simula

unica fantasmagoria neste mundo
imaginario
com seus constrangimentos e suas alegrias,
em contraste com a solidao
absoluta do parque.
campo de concentração.
fabricas de tratamento
de detritos.
residuo toxico de uma civilizacao hiperreal.
involucao mental
sem precedentes.
obesidade estranha.
a incrivel
coabitacao das teorias e das praticas mais bizarras.
uma capa de ecologia,
uma crise energetica
uma critica do capital,
uma cultura exoterica.
aqui adultos fingem
que sao criancas
para iludir a sua infantilidade real.
simulacros confundidos.
jogo de ilusoes
e de fantasmas.
extraordinaria coincidencia:
Walt Disney  espera a ressurreicao a 180 graus negativos.

[brincolando com Baudrillard]

domingo, 20 de novembro de 2016

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Festa Literária de Duque de Caxias


Confesso, fiquei emocionada por poder participar da Festa Literária de Duque de Caxias. E ainda por cima numa mesa junto com o querido ilustrador Ribeiro. E ainda conhecer duas autoras Andreia Marques e Neide Barros. O papo foi curtinho mas foi muito bom. A feira estava linda e junto com a festa de Santo Antonio, a feira da comunidade. Foi um festão, cheio de jovens ocupando os espaços da Biblioteca Leonal Brizola, palco do Teatro Raul Cortes, a praça do Pacificador e a rua. No proximo ano quero voltar... agenda ai, que vale a pena conhecer essa festa de perto.
Na bolsa levei os filhotes novos: Fofucho, Lilica e Amiga Onça. Livros infanto-juvenis que ilustrei e fiz o projeto grafico para os amigos Antonio Claudio Sant´anna, Carlos Dolezel e Lígia Feijó. 
Doei também um par de livros - Fofucho e Lilica - para a biblioteca municipal, nas mãos do organizador da festa Antonio Carlos de Oliveira.


 



quinta-feira, 5 de maio de 2016

Amiga Onça, livro infantil

Amiga Onça - brincadeira de yoga para crianças foi lançado na Travessa Botafogo, no Rio de Janeiro. Com texto de Lígia Feijó e ilustrações minhas. Não vou dizer que foi facinho nao... essa onça deu trabalho... olhar de frente essa mocinha stressada foi enfrentar espelho, confesso. O trabalho atrasou, nada do que desenhava eu gostava. Nunca estava à altura dessa Dona Onça... Então deixei ela para lá e fui em busca dos outros animais dessa floresta mágica... o sapo saiu fácil, com cara de safado, garfo na mão... sem querer...e só depois fui saber pela autora Lígia [minha amiga com imensa paciência e delicadeza] que era Shiva que tinha aquele garfo de tres pontas... o peixinho com suas bolinhas... o coelho assustado [já na pegada do anterior Lilica, a coelhinha azul, que em breve apresento aqui também]. A cobra, lindona e colorida, que ainda quero de recorte de tecido... o pássaro de vitral... a ponte engraçada... e foram vindo... chegou o Sr. Leão cheio de sol e calor... chegou chegado, pronto com seu olho vesguinho... veio o menino e todas as suas posicoes... e a onça já esboçada, aconteceu... e sobrou onça para colocar no livro...ainda bem... tudo tem seu tempo... mesmo que a gente fique confuso e ache que nao vai dar tempo... enfim, está nascido... ficou lindão. A história é uma delicia e a brincadeira de ioga também! O projeto gráfico é do Estúdio PV [eu que fiz também, nao tinha como fazer as ilustras e nao fazer o projeto... como faz uma coisa sem a outra ainda nao aprendi...]. Mas a Editora Livros Ilimitados caprichou na ediçao. E o lançamento da Travessa encheu de amigos e simpatizantes da literatura infantil. Teve contação de histórias e música do livro. Vendemos para pagar a edição mas ainda precisamos de uma força, afinal já tem livro novo por ai querendo nascer! Quem quiser dar uma conferida, deixo aqui os links para compra e olhada:

Livros Ilimitados: http://goo.gl/do0pf8
Livraria da Travessa: http://goo.gl/QoogA2



Confiram também o book teaser
https://www.youtube.com/watch?v=bHjravyBpos

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Caqui



O pé de caqui maduro está dando passarinho. Da cor do caqui de vez, o peito da sábia estufa e se confunde, toda laranjeira. Vendo de baixo, pertinho do tronco, o caquizeiro parece um templo de nave abóbora querente a vermelho. O sol se infiltra, ousado, e participa da festa. São pios e piados, chamados. A árvore, tímida feito moça que se remova todo verão, se enfeita, flora e aflora, se esconde. De fora, só folhas, camuflagem. De dentro, frutos, miragem. De baixo fico com água na boca e nos olhos, querendo bico... Asas!

[foto e texto: Lux]

Imagem: no inverno ele fica assim, nu. No verão, imagina!

sexta-feira, 27 de março de 2015

O Amor e a Razão - parte 3

Haviam chegado a um ponto que tudo era pouco e nada era tanto. Nessas horas, o impulso comanda e as mágoas ressoam nas veias do pescoço e nas têmporas lustrosas, mais ainda nas entrelinhas sarcásticas dos diálogos. Caminho tinham, só nao sabiam. Assim iam, olhando em torno, talvez um anjo, talvez um gênio, um santo, um profeta, um mágico, quem sabe? Não aconteceu. Ela entrou em oficina de mágica para tecer palavras, ele em curso de estastística para adivinhar as probabilidades. Ainda não foi divulgada a resposta para o enigma. Procuram. Cada um uma resposta. 

Oficina de Jogos Poéticos - POESIA E CRITICA SOCIA...


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

quando a porca torce o rabo

a gente vai por ai
batendo o queixo
travando os dentes
mordendo a língua
comendo as bochechas
se remoendo
torcendo para que o entorno
mude
para que a torção
no torno da roda
não seja total
para que o tato
nos deixe mais atentos
que não sejamos comidos
pelo tigres
abatidos pelas águias
levados nas águas
das valas
rasas
para que sobreviventes
possamos
ao menos
roçar - o céu
da boca.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

BANG bang!

Manhã blindada,
Bom dia!
Obrigada!
Enfim dormir em paz
Paz
Morrer nas mãos da milícia
Enfartar nos tele-atendimentos dos prestadores de serviços.
A vida ocupada
À forceps
À força das armas
- hoje invadirão casas sem número...
O espaço invadido
- como sempre -
Só muda quem puxa o gatilho:
BANG!
E a vida se foi:
BANG!
E tudo mudou para igual:
BANG!
E a esperança feito morta
renasce
Ter posto de saúde,
escola,
creche,
dentes brancos,
casa emboçada,
endereço e Cep,
decência, cidadania.
Ser voto
Devoto ao pacificador.
[a miséria se oferece
para a sociedade faminta]
A colonização recomeça
e esses não são melhores que aqueles
Ou são?
E há as intenções
Ah! As boas intenções
cheias de inferno
E a vida retorna seu
fluxo
sem diálogo:
BANG!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

lista de Intenções

Tirarei ferias
Comprarei uma bicicleta aro 20 com rodinhas
Irei a Machu Pichu
Lerei sobre as caveiras de cristal
Olharei para o céu a procura de naves
Ficarei em silencio
Não sairei de casa
Tomarei banho de mangueira
Deitarei na grama junto com os grilos
Beberei agua fresca caída do céu
Verei um anjo no reflexo do sol
Saltarei sobre poças como se fossem abismos
Nadarei  em nuvens que bóiam sobre um mar de gelo
Bordarei a historia dos deuses como Penélope e Aracne
E não serei arrogante
Andarei descalça sobre areia de verão no deserto das horas
Farei pamonha e comerei com fiapos de seda que tirarei de meu próprio vestido
Falarei coisas convexas, pouco complexas, sem nexo para me fazer entender
Escreverei em sânscrito e aramaico mensagens de paz sobre guardanapos de bar molhados da cerveja e do suor dos dias
Farei coisas que Deus duvida, mais por divida do que por dúvida
Dançarei no som das palavras só para sentir a musica e levitar sobre o asfalto quente
Catarei caramujos peregrinos para lhes dar sombra e água fresca, depois os libertarei para que criem asas e voem para o mundo atônito
Limparei lama dos sapatos só para te-los limpos e depois enfia-los na lama de novo e de novo até me acostumar com ela, ama-la e reconhece-la pelo cheiro de vida como fazem os caranguejos
Lerei Guerra e Paz e Os Malditos e nunca mais lerei nenhum outro livro, ate encontrar algum que me interesse, que me refresque, que me ponha no colo
Falarei aos meus cotovelos que fiquem mudos, a partir de hoje não falem, não cantem, não gemam, não imaginem impossibilidades, não corram riscos, não pensem perigos, não se apaixonem, nem doam
Em solidariedade a eles farei cânticos que não cantarei, mas assobiarei sob lençóis e máscaras pintadas especialmente para os eventos sociais, e rirei disso tudo
Desenharei todos os paralelos universos desde Asgaard, com seus portais e pontes elevadiças sobre o nada.
Feito o desenho, bradarei Se faça, mesmo sem fé falarei. E não me importarei se nada se fizer porque sabido é que em algum lugar tempo espaço se dá, deu ou dará
Quebrarei copos e pratos, todos limpos, sem sujeira ou detrito de refeições e família. Depois colocarei a mesa e chamarei todos os amigos e servirei refeição simples, completa e com direito a sobremesa
Nenhum convidado poderá limpar as mãos sujas de azeite nos pelos dos coelhos brancos, nem nos de qualquer outra cor
Nao servirei guardanapos de pano ou papel, lamberemos todos os dedos e sorriremos uns para os outros como fazem as crianças
E as águas de nabo não serão necessárias porque não haverão assassinatos sobre a mesa nem sob ou no entorno dela
Depois farei poemas longos sobre devaneios e utopias. Não usarei virgulas exceto quando for preciso respirar e nunca nunca nunca colocarei ponto final



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

nada de novo no front

Existe uma gota presa
apenas uma, represa
reclusa em algum lugar
entre a língua e a laringe

Em meio
peito seios bicos bocas
não geme nem barulha
sequer marulha tão pouco
mar que é

não oprime, comprimido
garrado no esôfago
a torcer entranhas,
a tossir silenciosos urros

não sobe não desce
é gota que aguarda
sublimação,
evaporação
barata sem tragicomedias
lânguidas, desesperador
passar.

e o dado novo
do dia novo
é que não há nada
de novo nisso,
de novo...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

bilhete

Bom é ser visita,
ser passagem,
passageiro,
alienígena.

Bom é ser
surpresa,
inédita,
notícia.

Bom é ser agora
hoje, que amanhã
não tem.

O imediato,
o que nem
sempre é
ou vem.

Há os que querem eternidades,
eu, viagem.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

mínimos contos

Boba toda vida em participar desse e-book ao lado de escritores como Augusto Pessoa e Celso Sisto, entre outros. O projeto gráfico é do talentoso super designer Marcos Correa, da Ato Gráfico, a organização foi de Benita Prieto e Julio Diniz. Lançado dia 5 de fevereiro de 2014 num dos eventos mais bacanas do grande Rio - o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias, que acontece esse ano no Espaço Niemeyer, em Niterói. O meu conto está na página 53, mas indico ler todos - são de suspense em 140 caracteres, esse era o desafio! Foi divertido e ver agora publicado em projeto tão bonito... presente de início de ano! 
Se quiser ler o livro gratuitamente, é só clicar aqui em baixo! Boa leitura! =)

Contos Mínimos - suspense em 140 caracteres


ISBN 978-85-65126-01-4


Link

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

do homem aflito


Do homem aflito me dêem
as perdas, apenas elas,
para que delas se façam buscas
e resulte em boas novas.

Do homem aflito me enviem
os termos não ditos, à força
encolhidos, engolidos,
para que deles se faça renovação.


Do homem aflito me mande a tristeza, 
para que dela se faça poesia.

Do homem aflito me entregue a revolta
para que dela se faça uma revolução.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

o poço

no fundo um gemido
menos que um urro
mais que um suspiro

[respiro]

ensaio de grito
escalando muros
pedra a pedra

suspeitando luz
fugindo do escuro


esperança
palmo a palmo
dedos a retalhos

ralos

unhas quebram postiças
próteses rompem promíscuas
nenhum artifício 
suporta o ofício 
de surgir

por esforço máximo
usa-se os dentes 
lábios
e desespero


[respiro]

chorar não é válido
só vão

lágrimas só aumentariam
o volume das águas,
tantas...

que seguem e servem
para salgar o escuro
temperar o árido
lembrar do mar
sentir a brisa
cheirar maresia
ouvir o barulho das ondas
riso na areia

suor escorrendo
nas costas
na testa
sangue nas veias

[inspiro]

a subida é longa
e tanta que
duvida-se, em vezes,
se sobe ou desce,
já que nem a luz denuncia,
visto que pode ser
reflexo da luz verdadeira
miragem de liberdade
porém mesmo o espelho

indica que há
em lugar próximo
alguma
luz


[expiro]

a escalada continua
se para baixo
ou para cima
só o tempo dirá
ou nem isso

o movimento
denuncia a vida
repele o indesejável
afirma a intenção
assalta a escuridão
e por hora
isso que nem é tanto
já basta


[espero...]