sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

minha coleção particular [atualizada]

Madrugadas insones,
Dias nublados suspensos no ar.
Tardes crepusculares com nuvens de fumaças aflitas
a procura de um comunicado qualquer.
Olhos marejados e tristes, em busca de um beijo,
nó no peito e grito travado na garganta.
Saudades do Sol, da luz, da alegria e vida abundante.
Braços cansados, a procura de um abraço generoso.
Sorrisos perdidos, risadas gentis e sociais,
que possam trazer algum carinho e possível afeto.
Infinidades de finitudes, delicadezas e uma certa humanidade semidesesperadora.

Aos interessados:
Não compro, não vendo, não troco,
Só convivo, exponho, provoco.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

mínimos

Nunca a espera por nada
foi tanta, por algo que não virá.
E nesta espera me refugio,
entristeço e peno.
E nunca gestos tão mínimos
me farão tão feliz.

"pequenas poções de ilusão, mentiras sinceras me interessam" [cazuza]

tanto tempo...

Fiquei tanto tempo sem dizer nada, que agora não sei por onde começar... ou terminar... Enquanto isso, qualquer palavra, carinho, afeto, colo, abraço, mensagem, presente, beijo de qualquer tipo, atenção, preocupação, cuidados, são bem-vindos, necessariamente bem-vindos!

"mande um abraço do lado de lá, diz quem fica..."
[milton nascimento]

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

trovinha pra menina em frente ao mar

Menina chorando no canto
De dia se enfeita e finge ser grande
De noite se ajeita, se encolhe, se deita
E sonha com amor tão distante.

A menina que chora de noite,
Às vezes, chove de dia.
Isso, às vezes, cansa.
Isso, às vezes, entristece.
Anda tão triste, a menina,
Anoitece.

Mas como deixar de sofrer?
Como deixar de chover?
Como deixar de amar?
Como deixar de querer?

De tanto procurar forma,
Encontrou a solução:
Sonhar com amor tão distante
Apenas na imaginação!

Mas dói só viver “de mentira”.
Dói não ser de verdade.
Dói querer sem medida.
Dói amar com saudade.

“sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar, sabe lá...” [djavan]

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

depoimento em tempo real

Quero tirar férias. Férias de mim, dos meus pensamentos e, sobretudo, do meu coração. Ir pra longe, pra outro lugar, pousar em outra mente, e, principalmente, em um coração tranqüilo ou anestesiado... não me importo mais: não quero mais ser altruísta e corajosa – quero um doping. To cansada de ser forte. Mas to cansada também de ser frágil. Quero ser nada.Quero repousar num ombro amigo por tempo infinito. Encostar a cabeça e esquecer o mundo. Esquecer o calendário e todos os cronômetros, qualquer outro instrumento de medição de horas, dias, anos. Descansar sem molhar o travesseiro, sem chorar sobre o leite derramado, pelo improvável ou impossível. Não quero mais pensar nem querer o impossível. Não quero mais querer nada. Quero a felicidade sem desejo, sem querência. Aquela que é feliz por não sentir dor. Estou cansada. Cansada e triste. Muito triste. Não quero mais chorar. Não quero mais estar só comigo. Mas não quero estar só com tanta gente chata e achante em volta. Quero estar com quem pode ficar calado comigo, que fique de mãos dadas sem motivo, que enxugue minhas lágrimas caso haja algumas ainda, que ria comigo e me ame com transcendência: pelo o que eu penso e sinto. Sem máscaras, sem Tempo, sem limites. Quero o que sou, do jeito que sou. E quero amar, como amo, infinitamente.

domingo, 9 de dezembro de 2007

menino chorando

Menino chorando sempre me comove, me compartilha, me humaniza. Menino chorando é homem feito Deus, é menino feito homem feminino, lindo, doce e frágil. Menino chorando sou eu, no espelho e no quarto escuro com medo do escuro. Menino homem, menina mulher, divinos de tanta humanidade, humanos como deuses! Ancestrais como os anjos! Perdidos e achados, desconcertados e indolentes!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

pureza

Por te amar assim tão infinitamente,
me sinto pura.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

sobrevivência

A tua solidão vira as costas para mim
e me deixa a falar com as paredes
ouvintes surdas
e sem conselhos

A tua solidão lança sobre mim,
já cansada,
o tédio e a angústia de
um estar só indesejado.

A tua solidão me diz:
"estou só",
com orgulho,
"porque posso ficar só".
Mas, eu não!

A tua solidão me obriga,
me empurra
pro escuro de um quarto sem luz.
Resisto. Mas, o escuro me segue.
Adoeço, só e sem luz.
E escrevo
para não morrer.

"escrevo como quem morre." (Manoel Bandeira)

ancestral

Quietinha num canto, preguiçosa e indolente. Fica.
Incomoda. Acordada. Sai para a vida - ou para a morte. E se expande. Cresce como se de fermento. Até explodir. Em choro, em lágrimas, seguidas de tristeza profunda, hermética, ancestral.
Na busca pela sobrevivência, para voltar ao seu canto, retira da bolsa caneta e papel. E começa mais um relatório de viagem.
Com a idade da Terra... Com a idade do Tempo...Essa angústia é viajada...