sábado, 31 de outubro de 2009

morfina

Não dói mais.
Não sinto dor.
Só um amortecimento.
Um abandono,
De sentidos,
De sentimentos.
Como alguém que desiste de nadar e espera.
Apaticamente espera,
Ser preenchida de águas,
Marés salgadas,
De mar.
Não tenho mais dor
É fato
Não penso e não choro.
Insípida, inodora e incolor.
Mansa e indolor,
A dor me tem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

manual de uso e aplicação:

1. eu sou o que sou.
2. sou "guerreira" [como diria um amigo!] e perseverante.
3. choro à toa.
4. rio à toa.
5. gritos me assustam.
6. gentileza e doçura me encantam.
6. mantenho essa coisa antiga chamada ideologia, chamo de visão de mundo.
8. sou curiosa.
9. amo ler e aprender.
10. amo meus amigos - são a familia que escolhi.
11.amo infinitamente mas tenho meus limites por sobrevivencia.
12.não sei dizer não, ainda, mas to aprendendo.
13.pareço por natureza ser triste, mas é só amor à poesia.
14.não acredito em azar.
15.acredito em anjos e em boas intenções.
16.acredito antes de duvidar.
17.duvido para exercitar o pensamento e a razão.
18.não sei quem sou mas sei que estou aqui para perguntar quem sou eu...? [o que já é um bom começo..]

sábado, 4 de julho de 2009

Você nem sabe, mas às vezes eu faço tudo para não amar você.
Invento cenas, vejo defeitos, arranjo modas,
olho devagar e me convenço que você nem é tão foda assim.
E nem é mesmo...
Sei disso porque fui eu quem te fiz.
Só tá díficil de desinventar.

mudo

Nada dura.
Tudo muda.
Tudo morre.
Nada é para sempre.
Sempre não existe.
Sempre é um lapso.
Um momento é sempre.
Morro a cada sempre que passa.
Morro a cada tudo que muda.
Morro em cada mudança.
Vivo morrendo.
Inevitavelmente mudo, morro e passo.
Vivo vidas na minha vida.
Cada mudança me impõe uma vida.
Mudo para viver.
Mudo para não morrer.
Mudo. É fato.
Vivo, logo morro.
Ou morro, logo vivo.
Morro e vivo sem respeitar nenhuma ordem,
apenas a ordem da vida.

terça-feira, 23 de junho de 2009

E eu que achava você foda. Ninguém achava você mais foda quanto eu! E agora nem acho mais, e agora nem... Sou platéia que cansou de bater palmas, sou cenário que cansou de fazer fundo e rechear cena. A cortina cansada se encerra e agradece a atenção não dispensada.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Quem eu amo não existe.
Mas por essa inexistência me atiro,
me arrisco, me animo,
vivo, intensa,
levito e não sou eu.
Numa invenção e dobra de mim mesma.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

historinha

Quando ele disse "eu amo você" e depois "eu daria minha vida por você" ou ainda "eu te adoro", ela achou que era verdade e a coisa mais linda do mundo. Mas não era nada, apenas retórica e a boca que dizia era a de uma criança, mimada. Mas ela acreditou porque era preciso acreditar e se sentir correspondida. E, por algum tempo, foi o maior amor do mundo, o mais puro, o mais louco, o mais infinito de todos.

terça-feira, 17 de março de 2009

caverna

e agora que minha paz cessou
e nada me faz feliz
tudo é ausência e falta
tudo é sombra e caverna
como ir até a luz?
o que é luz e o que é reflexo?
doerá e já dói
quantos passos me faltam?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Apaixonado pela própria criação
tal qual um Pigmalião,
escultor de tantos detalhes,
carinhoso em cada toque
na mármore fria.
Quando clamei: Fala!
Ela obedeceu e agradeceu,
e sem me tocar,
silenciou, sem displicência,
alheia aos meus sentimentos.

eu quero uma pra viver...

E eu que tinha tantos sonhos
e ideologias...onde
estão eles agora? Me
sinto vazia e sem mim.
Me sinto falta.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

o que preciso

Hoje eu preciso é de poesia!
Mais que abraço, acalanto.
Mais que filosofias, relatos de vida.
Mais que aforismos, decisões.
Que a coragem me venha.
Que a decisão se instale.
Que o que eu sei que sei
aflore.
Que o que eu preciso dizer
seja dito.
Que o que eu sinto fique
claro como água límpida
e transborde necessária
pelos caminhos abertos
pacificamente, sem
enxurradas, mas
em eterna liberdade!

citação:
"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
[Cecília Meireles]

anjo caído

A chuva cai sem silêncio, enquanto os cachorros sorriem abanando o rabo para mim.
[Eles sabem quem sou - mais que eu mesma sei de mim.]
Leio os detalhes e marcas de uso de anos em objetos que não conheço e que não contam a minha história.
Estou aqui e aqui não me pertence.
Não pertencer a lugar nenhum, me ocorre, e ser provisória, já se tornou rotina para mim.
E não penso que isso seja ruim, mas me inadequa, me instala sobre a corda bamba do imprevisto, do temporário.
[Nasci sem história para cuidar, só para contar e motivar outras.]
Não sou daqui. Suspiro intimamente.
Nada aqui fala de mim, só as lembranças de algum uso, de alguma vivência, de ternuras e solidão.
Sinto-me muito mais pertencente ao desconhecido, ao que não vivi ainda, e aos próximos que irei conhecer um dia.
Minha alma sente saudade da liberdade de todas as possibilidades e imprevistos,
misto de medo e encanto pelo que não conheço mas que aguça minha curiosidade e desejo.
A vida é uma só, dizem. Perco a vida ou a alma? Uma é outra? Então me perco.
Minha vida e minha alma que deixei em alguma dobra do caminho, perdida sem rumo, sem perspectiva e desencantada. Minha alma que não cabe nos protocolos, nas regras, ordenações e normas cronológicas, sociais e religiosas. Minha alma devassa e adolescente, medrosa e dividida, teimosa e sem razão.
Minha alma, tal qual um anjo que cai, como a chuva,
sem silêncio.

citação:
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!" [Florbela Espanca]

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Desculpe, mas eu não sou para os comuns!