terça-feira, 25 de novembro de 2008

morrer de mar

O mar: belo, profundo, em eterno movimento. Em cantos de sereia: nos seduz e nos consome. Nos chama e nos afoga. É preciso um certo controle, mas nem sempre isso é possível. Há os que se limitam a chegar na praia e olhá-lo sem penetrá-lo, há ainda os que só molham as pontas dos pés, dos dedos – delicados. Eu não, eu mergulho, molho a cabeça, cabelos escorridos e penteados pelas águas salgadas! Brinco com a areia e a água. Como ir ao mar e não mergulhar na sua natureza? Água fria, sal, marés, vagas, turbulência, calmaria, areia, conchinhas, brisa e calor fazem parte do seu ciclo e é disso que é feito o mar e seus ventos – elementos água e ar – e por que haveria de ser diferente?
Mas o perigo existe todo o tempo!
E eu sei que posso prudentemente desistir do mergulho
ou me afogar e, poeticamente, morrer.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

o dono da área

Não preciso de sapatos, fransciscanamente. Mas, não consigo evitar vitrines de sapatos! Adoro esse objeto! Então passo, em dias de bater pernas, para olhá-los, ver o que está acontecendo nessas vitrines, nessas ruas. Paro! Nisso chega um homem, não era um mendigo, um homem comum como qualquer homem, e inicia um discurso: “ a senhora me desculpe importuná-la, mas estou aqui vendo um parente que está numa clínica, e eu estou aqui, a senhora me desculpe, não é do meu feitio, mas às vezes a gente é obrigado, então como estava dizendo...estou aqui e..” Nisso... - “Eu já não disse que você não vai pedir porra nenhuma aqui na minha área? Vai pro caralho, mas xispa daqui! Seu filho da puta, vai pedir na puta que o pariu, mas na minha área não!” Isso tudo nos meus ouvidos! Duas senhoras passam e uma delas diz: - “Olha a área é dele!” Eu fico atônita, sem movimentos, enquanto vejo o pedinte sair correndo e o homem feroz e cheio de impropérios ir atrás dele. E olho pros policiais que estão próximos, encostados em um carro, e faço gesto de que não entendi nada. Eles voltam as cabeças para o lado oposto. O homem feroz volta. E eu sem saber o que fazer, fico apenas esperando que ele – dono da área – mije nos meus pés, marcando assim o seu terreno. Mas ele passa direto por mim e entra a alguns metros em uma lanchonete.