Mais dificeis que as rimas e toda prosa, são os silêncios...
Há os silêncios que falam mas há os mudos que não encontram palavras, e há os que mesmo sabendo das palavras não acham nenhuma que os definam...
São silêncios sem beijo, poeta. São silêncios que silenciam baixinho como os chororos versados por Gil...
São também silêncios sem dor, talvez alguma apenas, acostumados que ficaram. São mais instantes eternidades, hiatos, passamentos...
Por isso, tem dias que se quer falar sem falar, de dizer sem ter que dizer, e, então esperamos que os silêncios possam falar por nós...
Mas quem terá ouvidos para ouvir silêncios?
>> agradecida a mônica gonçalves!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
silêncios
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pausa para os comerciais...
machucado
Quando criança, de vez em sempre, machucava-me brincando, ralava-me toda, joelhos em carne viva, e pior que o machucado era o curativo...
...minha mãe lavava com água e sabão, e, às vezes, era preciso usar uma escovinha para retirar as sujeiras mais profundas, para não infeccionar depois...
...uma casquinha nascia -que bom!- mas começava a coçar. Minha mãe então retirava aquela casca e refazia o curativo, de novo para não infeccionar -que dor! ...
...hoje levo comigo as marcas de meus tombos e machucados, alguns mais marcados outros menos, e fazem parte do que eu sou....
... cada machucado marcado em meu corpo tem marca na minha memória e por isso tem historia que conto com orgulho de quem teve infância...
...depois, na adolescência, meus machucados seriam outros, mas minha mãe ainda vinha e dizia: vai passar, demora, vai deixar marcas, mas passa..
... hoje, sei que meus machucados doem mas podem ser tratados e deixarão marcas, e ainda ouço minha mãe amorosamente dizer que vão passar...
...e como nada até hoje tenha contradito o que minha mãe dizia e diz, ainda acredito que as dores passam e somam histórias na minha história...
...minha mãe lavava com água e sabão, e, às vezes, era preciso usar uma escovinha para retirar as sujeiras mais profundas, para não infeccionar depois...
...uma casquinha nascia -que bom!- mas começava a coçar. Minha mãe então retirava aquela casca e refazia o curativo, de novo para não infeccionar -que dor! ...
...hoje levo comigo as marcas de meus tombos e machucados, alguns mais marcados outros menos, e fazem parte do que eu sou....
... cada machucado marcado em meu corpo tem marca na minha memória e por isso tem historia que conto com orgulho de quem teve infância...
...depois, na adolescência, meus machucados seriam outros, mas minha mãe ainda vinha e dizia: vai passar, demora, vai deixar marcas, mas passa..
... hoje, sei que meus machucados doem mas podem ser tratados e deixarão marcas, e ainda ouço minha mãe amorosamente dizer que vão passar...
...e como nada até hoje tenha contradito o que minha mãe dizia e diz, ainda acredito que as dores passam e somam histórias na minha história...
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pequenos contos íntimos
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
encontro
De elmo e batom, lá vai a heroína enfrentar seus dragões diários que, de afiados dentes, já esperam por ela no espelho.
sábado, 4 de setembro de 2010
crença
Um dia acordou e se olhando no espelho acreditou estar virando borboleta. Deitou na cama e durante o dia inteiro ficou assim enrolada em lençóis aguardando acontecer. No fim do dia, sentiu-se renovada, tinha certeza que algo tinha acontecido. E abrindo os braços ainda envolta nos lençóis, foi até a janela, bateu os braços para soltá-los e deixá-los mais relaxados, meneou a cabeça, de um lado depois outro, para alinhar a coluna e lançou-se. Voou seu curto vôo, como faz toda borboleta. Floresceu.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
rápido
Pequena história: era uma vez...e nem começou: fim.
fala
E ele ordenou à estátua: - Fala, Fala!
E ela não falou.
E mais uma vez tentou:
- Fala! [humpf....].
- Então não fala, pô!
E ela, então, finalmente, falou.
>> para Platão.
E ela não falou.
E mais uma vez tentou:
- Fala! [humpf....].
- Então não fala, pô!
E ela, então, finalmente, falou.
>> para Platão.
idiota
De tanto dar atenção a idiotas, perdeu-se numa encruzilhada idiota, com cara de idiota. E conta essa história idiota com a maior cara de pau...
>> para Tabacaria, de Fernando Pessoa.
>> para Tabacaria, de Fernando Pessoa.
ira
De outra vez, tinha um tigre solitário que vivia zangado e rugia, xingava e gemia. Se apaixonou por uma pedra e nunca mais fez som. Granitou.
>> para Manoel de Barros.
>> para Manoel de Barros.
desejo
Num reino distante tinha um moço bonito que só queria o impossível, o distante e o inalcançável. E assim vive, triste e apaixonado pela lua.
>> para a moça que queria morar na lua.
>> para a moça que queria morar na lua.
ícaro
Era uma vez uma lesminha que não saia do lugar, se arrastava por ai futurando ser borboleta. Num dia de calor intenso, derreteu e evaporou.
zumzum
Era outra vez uma mosca dessas que ficam voando insistentemente sobre o mesmo lugar, e volta e volta e volta, até que PUM e acabou o ZUMZUM.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
argumento para uma vida
Nasci com perseverança. Sobrevivi. Sou teimosa.
Logo criança, descobri as palavras e seus significados,
diziam que era inteligência, mas faltava sabedoria.
Pedi para saber e desde então passo muitas noites insones.
Depois pedi fé e coragem.
Descobri o sonho.
Quando pedi para ter compaixão,
compartilhei a morte.
E quando quis entender o amor,
a primeira lição tem sido de dor e perdão.
Sem paz.
Logo criança, descobri as palavras e seus significados,
diziam que era inteligência, mas faltava sabedoria.
Pedi para saber e desde então passo muitas noites insones.
Depois pedi fé e coragem.
Descobri o sonho.
Quando pedi para ter compaixão,
compartilhei a morte.
E quando quis entender o amor,
a primeira lição tem sido de dor e perdão.
Sem paz.
vertical
A mãe dizia: você é um ser vertical. Passou a vida a olhar os pés. Um dia olhou para o céu e desde então não sente o peso da alma.
>> homenagem a Lygia Clark.
>> homenagem a Lygia Clark.
grito
Para cada palavra, um grito. Até um dia que as palavras assustadas fugiram pra outro reino e nunca mais se ouviu falar delas, nem dele.
palavras
As palavras não vinham, por mais que ela tentasse. Um dia, as chamou pelos nomes e elas vieram aos montes. Vivem juntas e felizes até hoje.
>> para Eduardo Galeano.
>> para Eduardo Galeano.
paixão
Um dia ficou sabendo que a vida era curta e que não esperava as soluções perfeitas. Não dormiu à noite. E apaixonou-se pelo sol de todo dia.
decisão
De tanto chorar fez sulcos na pele. Uma providência haveria de ser tomada: um secador de lagrimas ou um antidepressivo. Decidiu ser feliz.
magia
e ela que parecia uma fada, enfiou sua varinha no saco, olhou para os lados, escolheu uma direção sem certeza mas com convicção e foi embora.
>> para Bartolomeu Campos de Queirós.
>> para Bartolomeu Campos de Queirós.
tédio
O tédio dele a matava de tédio e a deprimia. Como resolver? Tentou sapatear, rir, gritar. Em vão. Entediou-se de tentar.
teatro
Passou a vida ensaiando a morte. Morreu. Pronto e com o texto na ponta da língua.
domingo, 18 de abril de 2010
Ninguém me ofende mais, só eu mesma tenho esse poder!
Do qual abdico em amor a mim.
Do qual abdico em amor a mim.
... E nada que eu disser vai revelar completamente minha tristeza. Nada.
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