Era uma vez uma mulher que não falava nunca. Não que ela não falasse, falava, mas só coisas de interesse comum, ou do outro, anemidades, gracejos, agradabilidades, e não o que realmente ela precisava que fosse dito. Em tempos, ousava alguma poesia, própria ou emprestada. Porém, só as emprestadas eram ditas, as demais dormiam à espera de melhor lapidação, momento e propriedade.
Um certo dia, a mulher sentiu que algo lhe subia pela garganta. Alguma coisa de intenso, constrangedor e de uma quase-verdade escatológica. Abriu a boca, parecia que ia vomitar. Mas nada saiu. Ainda ficou à espera por algum tempo. À espera de marimbondos - ou caracteres de palavrões como aparecem nos quadrinhos, mas nada disso aconteceu. Nada. Apenas o silêncio, revelador como nunca dantes ouvido. Acompanhado de lágrimas que brotaram sobre o silêncio... sob algum olhar.
sábado, 26 de abril de 2008
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