quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Acorda, Alice!

- me sinto só...
- ah! grande novidade!
- esquece... vou tentar de novo: me sinto uma idiota!
- assim ficou bem melhor!
Insisto em falar dos meus problemas, das minhas angustias, dúvidas, aflições. E elas não interessam a ninguém ou tão pouco que já me convenço que são estúpidas. Estupidezas que nem boa poesia dará. Se é que dará em algo ou alguma coisa ou para alguém.
Falo. E continuo falando porque assim desenvolvo teorias absurdas e soluções milagrosas. Penso num gravador, às vezes rezo, mas o que posso contar ao Criador que Ele já não saiba? Deus ri em meus pensamentos das minhas estupidezas. Os outros não ouvem e se ouvem calam já sem escutar ou escutam com o silêncio de um tédio polido ou uma polidez entendiada. Com muitos fico envergonhada e me calo, constrangida, mas sei, por necessidade, que voltarei a insistir na atenção e ajuda. Talvez numa dessas me abra um clarão, ou ainda um anjo me diga de forma mais clara: você está sendo uma idiota! Então, talvez, eu me convença disso definitivamente. Mas, enquanto nenhum nem outro acontece, sigo tentando.
Tempos atrás pensei seriamente num terapeuta e ultimamente tenho, por livre escolha, corrido o risco de atravessar o espelho de Alice. Nos dias em que me arrisco, às vezes encontro o coelho apressado a me cobrar as horas, em outras um chapeleiro maluco me encanta...mas ainda não vi a face da rainha de copas...
Caminho no escuro - com medo e curiosidade.

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