quinta-feira, 11 de outubro de 2007

caco de vidro

Ando carregando uma mágoa que de tão pesada não se estende.
Não se espalha. Densa, quente, encorpada.
Magoa de ingratidão
Nódoa da covardia
Filhas do medo.

Carrego como quem carrega, com esforço e dificuldade, o lixo para fora da cerca,
dos limites da minha roda que fiz a cuspe:
“Quem pisar primeiro...”
“Quem cai dentro?...”
Minha magoa feminina, molhada e quente me protege (?)
da raiva moleque de um pivete de caco-de-vidro na mão,
cheia de impropérios,
fome de vingança.

Sonhos de poder,
Real impotência,
Desinteresse.
Aguardo o sinal vermelho,
O tráfego parar para vender meu chiclete,
Enquanto assisto aos canibais se matarem pelo controle, pelo poder.
A Justiça de Deus seja feita,
Senão a dos homens.
Que seja.
Mas, não ficarei impune.

Tenho respingos em minhas vestes.

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